A METÁFORA COMO UM RECURSO SOCIODISCURSIVO NAS GÍRIAS DOS REEDUCANDOS DO SISTEMA PRISIONAL DO TOCANTINS

Solange Cavalcante de MATOS, Marcia Elizabeth BORTONE, Francisco Edviges ALBUQUERQUE

Resumo


O presente artigo se propõe a analisar as criações metafóricas das gírias dos reeducancos do sistema penitenciário do Estado do Tocantins, tendo como base a teoria de Lakoff (1985) e Lakoff & Johnson (2002) sobre metáfora conceptual e os pressupostos teóricometodológicos da Sociolinguística Interacional. O estudo trata-se de um recorte da Dissertação de Mestrado intitulada “A língua dos „filhos errantes da sociedade‟: uma análise sociodiscursiva das gírias do sistema penitenciário do interior do Tocantins”, de autoria de Solange Cavalcante de Matos, defendida em 2014, na Universidade de Brasília (UnB), sob a orientação da professora Doutora Marcia Elizabeth Bortone, em que foi desenvolvida uma pesquisa na perspectiva etnográfica com os reeducandos e agentes prisionais da Casa de Prisão Provisória de Gurupi – TO e do Centro de Reeducação Social Luz do Amanhã de Cariri – TO. Para embasar nosso estudo, nos apoiamos em teóricos que têm se dedicado ao estudo da língua e sua relação com os aspectos culturais, ideológicos e identitários, tais como Gumperz (1988); Goffman (2012); Bortone (2007); Bortoni-Ricardo (2005); Preti (1984, 2004 e 2010); Remenche (2003); Thompson (2009); Bakhtin (2006); Lakoff (1985) e Lakoff & Johnson (2002). Os resultados revelam que as criações metafóricas presentes na linguagem gíria dos reeducandos, além de serem utilizadas como subterfúgio para tentar excluir os policiais da interação verbal e garantir a hegemonia do grupo, transmitem a visão de mundo dos apenados e como estes se relacionam com o mundo da criminalidade e com o ambiente prisional.

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Referências


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